21.7.06


Parte 3: A defesa
Lição 8: The Outfield

(Leftfield, Centerfield e Rightfielders).

Esquerda, Centro e Direita. Ou como preferem os hispanohablantes, "jardinero de izquierda, de centro, o de derecha..."

Mas não importa o idioma. Pela lógica do jogo, na teoria, o outfield seria lugar de jogadores ligeiríssimos e com um braço forte junto com uma enorme pontaria. Na prática, principalmente o RF e o LF, são lugares dos "Sluggers", excepcionais rebatedores de força. Em segundo lugar -- como na prática é secundária a habilidade secundária-- a aptidão pelas artes da luva na defesa.

Mas nem tudo é detrito, refugo, entulho. Até por questão de sobrevivência. O ponto nodal do Outfield é sempre o centro: o Centerfielder seu príncipe. Geralmente é o jogador mais veloz (correndo em linha reta) do time, pois a área de campo que lhe é dada a cobrir é a mais ampla de todas.

Como reza o ditado, o segredo de um bom conjunto defensivo é "Strength Up the Middle": Força pelo Meio. Ou seja, ter jogadores competentes no eixo central do campo: Catcher, Pitcher, Second Base e Shortstop e... lá atrás, cento e tantos metros ou mais do Homeplate, o Centerfielder.

O CF é o xerife do outfield e na dúvida a jogada é sempre dele, por isso não é recomendável que se aloje sluggers nesse lugar do campo. Jogadores importantes da atualidade: Vladmir Guerreiro (dominicano), Barry Bonds (americano, acusado de ser o “líder” dos anabolizados -- alô EBQSL lawyers...), Gary Sheffield (americano), Hideki Matsui, Ichiro Suzuki (os dois são japoneses), Carlos Beltrán (porto-riquenho), Andruw Jones (Ilhas Curaçao) e Johnny Damon (americano).

Mas não vamos desmerecer os talentos dos rightfielders. Roberto Clemente, rightfielder dos Pittsburgh Pirates de 1955-1972, tinha um canhão no braço, uma luva de seda, e uma rebatida de monstro. Morreu num desastre de avião em Nicarágua em dezembro de 1972 durante missão humanitária na esteira do terremoto que assoloara Manágua. Em Puerto Rico, sua terra natal, e no East Harlem e ainda em Pittsburgh, ele já é Orixá.



Nas fotos: a esquerda, Roberto Clemente.

Acima. 29 de setembro de 1954. O lugar? The Polo Grounds, em Upper Manhattan. Estádio dos New York Giants. A ocasião? Primeira partida do World Series contra o Cleveland Indians. E a jogada? Uma rebatida monstruosa de 150 metros de distância (igual de altitude) direcionada aos fundos cavernosos da centerfield na Polo Grounds, um dos campos de beisebol de geografia mais idiossincrática de todos os tempos.

Willie Mays, o center fielder dos Giants, que jogava um tanto adiantado no outfield naquele pitch-count do primeiro inning, só pôde ouvir o timbre da tacada de Vic Wertz detonando aguda no arremesso, girou, partiu à toda em pique para recuperar a trajetória do bólido, agarrou o petardo que vinha caindo acelerado do céu pelas suas costas e, ainda incrédulo e sem boné -- que voara pela aceleração de sua própria corrida ao encontro da bola -- olhou por um microssegundo na luva, ajeitou os dedos, girou e completou a jogada com um rifle de arremesso à segunda base para eliminar o base-runner na segunda. Double-play.

E a jogada entrou no folclóre simplesmente como "The Catch."

Mays, o melhor centerfielder do jogo moderno, achava uma besteira o endeusamento de seus talentos nessa jogada. "Fiz mil jogadas mais impossíveis," protestava ele, "mas essa entrou no rol só por ser na World Series e por ter sido em Nova Iorque, onde todas as câmeras rolavam o tempo inteiro."

Em 1957, Willie Mays e o resto dos New York Giants transferiram-se para São Francisco, na grande migração (ou traição) que levaria também os Brooklyn Dodgers para Los Angeles.

Fora isso, os Giants ganharam a World Series de 1954.

2 comentários:

Rafael Rafic disse...

Só um esclarecimento. Como quase toda informação "melhor de todos os tempos", "Melhor dos tempos modernos" etc., essa afirmação do Balla que Willie Mays é o melhor center-field do jogo moderno também é controversa, como um bom Yankee eu digo que foi Joe DiMaggio. Mas como são aquelas discussões que não tem fim, deixei o que o Ballantyne escreveu, apenas quero deixar aqui que não sou identificado com essa visão do CJ.

cjb disse...

Aceito sem reservas teu esclarescimento. Joey D seguramente foi dos maiores. Claro que foi antes do meu tempo (por tanto só vi graças aos documentários, cine-jornais, esse tipo de coisa.) Mesmo assim, jogava com uma elegância ímpar. E fora de campo, ainda pegou a Marilyn Monroe. Não dá pra igualar.

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